No post passado, contei a vocês
sobre como comecei a escrever.
Agora, de onde surgiu “La Lune”?
Eu costumo dizer que esse livro
surgiu como um grande e divertido treino. Um belo dia em 2012, eu abri um
documento no Word e me convenci de que iria começar uma história mais longa,
com personagens novos, uma ideia novinha em folha. Mas foi uma tarde engraçada
por que fiquei ali em frente à tela em branco por horas e nenhuma palavra saiu.
No dia seguinte, no ônibus indo
para a faculdade, ouvi uma música chamada “Tainted Love”, na voz do bizarrão
Marylin Manson. O refrão deu um estalo na minha cabeça:
Once I ran to you
Antes eu corria para você
Now I'll run from you
Agora eu correrei de você
This tainted love you’ve
given
Esse amor manchado que você deu
I gave you all that I
could give you
Dei a você tudo que podia
Take my tears and that’s
not nearly all
Leve minhas lágrimas e isso não é sequer tudo
Tainted love, tainted love…
Amor manchado, amor manchado
(tradução livre)
E eu comecei a ouvir a música
repetidamente e imaginar a história por trás dela, assim, como um passatempo. Quando voltei para casa naquele dia, um nome apareceu em minha mente: Seashell. A palavra “seashell” significa
“concha”, na língua inglesa, e até hoje não sei bem por que fiquei encucada com
essa palavra. Sempre gostei muito do inglês e hoje é o foco da minha graduação,
mas essa palavra em particular flutuou em minha mente por horas.
Resolvi, então, escrevê-la no meu
documento em branco. Pensei em ser o nome de algum lugar. Que virou um orfanato
próximo a uma praia no qual dois amigos brincavam juntos no início da história.
Apaguei tudo. Recomecei. Tentei inserir a palavra na minha pequena história lá
com a música do Manson. Touché. Seashell
seria um codinome. De uma mulher. Que seria dançarina. Uma dançarina chamada Seashell que tinha uma relação mal-resolvida.
E daí foi surgindo a história que hoje se desenrola pelas 175 páginas de “La
Lune”.
Por três vezes, eu abandonei a
história, mas sempre voltava a mexer, e a cada vez que mexia nela, mais
coisas iam aparecendo, mais conflitos iam se desenhando. Fiquei desafiando a
mim mesma de terminar a trama de Seraphine. A cada vez que relia, alterava
quase um capítulo inteiro. “La Lune” teve várias versões uma, inclusive, em que
o clube noturno seria destruído em um incêndio, imagine você. Mas resolvi
inserir outra tragédia. Quem ler, verá.
Algumas referências
Quando você escreve uma história,
não há como não ser influenciado por situações que você já viveu, filmes,
livros ou outras manifestações artísticas que conhece. Direta ou indiretamente,
essas experiências se incorporam à maneira com que você escreve e também no que
você resolve escrever.
As principais referências que são
visíveis no livro e que quis homenagear foram:
FILMES
“Sucker Punch – Mundo Surreal”, “Moulin Rouge! – Amor em Vermelho” e “Burlesque”
que tem em comum a dança performática e os conflitos pessoais de cada
protagonista feminina (Babydoll, Satine e Ali, respectivamente).
LIVROS
“Lucíola”, do autor clássico brasileiro José de Alencar, que também
traz uma protagonista feminina, uma cortesã que passa por um belo romance com
Paulo, um jovem que a faz mudar de vida; e “Lolita”, do russo Vladimir Nabokov, que traz uma delicada relação
entre Humbert, um professor de 35 anos, e uma criança, chamada Dolores, de 12, apelidada
de Lolita.
Cada referência dessas foi
inserida de alguma forma nos meandros de “La Lune”, uns mais e outros menos.
Posso dizer que foram os livros e filmes que me fizeram dar os primeiros passos
para pensar na história, além da música de Marylin Manson que já mencionei.
Após um trabalho de
aproximadamente dois anos, consegui finalizar a história com bastante entusiasmo
por ter meu primeiro livro terminado: a história de uma dançarina de um clube
noturno chamado “La Lune”, conhecida como Seashell quando se apresenta no
palco, mas fora dele é a doce e reservada Seraphine. Você pode ver a sinopse e
o primeiro capítulo neste post com mais detalhes.
A pimeira capa do livro, feita por mim. |
Tudo muito bom, tudo muito bem,
mas o que eu ia fazer com um livro pronto, mas engavetado? Ora, havia sido um
passatempo para mim e consegui provar que podia escrever algo mais longo do que
as pequenas histórias que eu iniciava. “La Lune” ficou alguns meses ali, na
área de trabalho do meu PC, sendo relido exaustivamente e alterado mais ainda,
mas sempre ali, como um arquivo ao qual só eu tinha acesso.
Aquilo começou a me fazer querer
que outras pessoas conhecem aquele fruto do meu esforço, resultado de uma
talento aprimorado com os anos. Mas eu tinha medo, timidez, receio das críticas
e repetia para mim mesma que “ele não era bom o suficiente para ser...
publicado”.
Mas será?
Próximo capítulo:
Parte III – A peregrinação de Seraphine
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