1 de fevereiro de 2012

Anita "Marvel" Blake


A série Anita Blake atingiu o topo das paradas norte-americanas. Estendeu-se à França, e alguns países da América Latina, acredito eu. Mas por enquanto o hiper sucesso se concentrou lá pelas bandas da terra do Tio Sam, porque pelo menos aqui no país do Carnaval, Anita e suas peripécias chegou com uns 15 anos de atraso em forma de apenas um livro: Prazeres Malditos. Desde o ano passado, começaram a chegar os próximos volumes, O Cadáver Que Ri e O Circo dos Condenados, e espero que continuem assim. Mas quem se interessa mesmo em acompanhar a série de Laurell K. Hamilton no Brasil recorre aos meios disponíveis na Internet, certo? Triste, mas verdade.


Era de se pensar que Anita ficaria bem, no mínimo, com uns 6 metros de altura num telão de cinema (imagine Jean-Claude, mas ninguém está me perguntando). Poderia até ficar, mas nos desanima imaginar o que aconteceria com a história num roteiro para cinema. E na verdade pareceria mais uma franquia de A Hora do Pesadelo ou Sexta-Feira 13, porque sabe-se que, ao todo, a história de Anita toma 20 livros. É filme por demais.
Sem mais delongas, ou como diria nossa querida "petite", cortando as preliminares e tirando logo as roupas, vamos tirar a roupa, quero dizer, vamos ao que interessa. Bem, mas não é sobre o atraso (típico) com que as coisas chegam por aqui que pretendo falar hoje nem sobre a impossibilidade de adaptar os livros pro cinema.  O que me levou a escrever foi a parceria animada e amigável de Laurell com a Marvel, ela mesma, a do Homem-Aranha e dos X-Men.


A Anita da Marvel

Isso mesmo, caros amigos. E quando escrevo "Da Marvel" e destaco com essas lindas aspas, quero dizer exatamente isso. A Anita Blake que a Marvel criou. 

Tudo bem querer tornar uma história tão fabulosa algo mais visual, trazer as letras impressas à vida em cores e formas. Quem não queria realmente ver tudo que se passa nos livros de alguma forma? Nesse caso, talvez só imaginar fosse até melhor.

Não, não estou desmerecendo o trabalho de arte do querido Brett Booth (O Quarteto Fantástico: Renascimento). Ele tem seus méritos; o que tenho a dizer é que ficou estranho pacas.

Pessoalmente (concordem ou não) analisei alguns aspectos do universos de Laurell K Hamilton que ganhou corpo nos quadrinhos. No geral, tem um belo apelo visual, chamativo, como deve ser para os apreciadores desse tipo de desenho. Mas olhando de pertinho e fazendo algumas conexões, vou deter-me aqui apenas aos dois personagens principais (até certo ponto) da série: Anita e Jean Claude.

- Anita

Justamente a protagonista foi consideravelmente deturpada na versão HQ. A começar deparando com sua estrutura corporal. Não sei você, mas eu sempre vi Anita em minha mente como uma garota normal, uma americana com traços latinos. Aliás, ela sempre reforça isso: suas características físicas. Anita é baixinha, pouco mais de 1, 5m, muito alva, cabelos médios, negros, cacheados, olhos escuros, lábios cheios, busto pronunciado, no todo, curvilínea. Cicatrizes no antebraço esquerdo.

Não sei se quiseram deixá-la mais atraente, mas mas na HQ ela sempre parece agressiva demais, aquelas sobrancelhas hiper delineadas, batom escuro e até esmalte. Gente! 

Primeiramente, a última coisa que Anita tem que parecer à primeira vista é agressiva. Nos livros é sempre assim: sempre que a vêem pela primeira vez, todos pensam: "Ah, que bonitinha". Mas então ela saca a arma e, mesmo ainda sendo fofa (desculpe, Anita), só então passam a respeitá-la. Não é exatamente a postura dela que intimida. É o que ela faz com as armas e seus golpes de karatê. E isso que é legal. Prova que não "é só um rostinho bonito", como ela diz no sexto livro da série (Bloody Bones). 

Então, nossa amada Marvel determina que a Ms. Blake pareça uma Lara Croft exterminadora de monstros.  Estereotiparam o que se destacava por não ser estereotipado. Acho que me fiz entender.

Outra coisa: Anita Blake, A Executora, necromante, expert em sobrenatural, usando batom e esmalte o tempo todo? Onde? Quando? Como ela mesma diz: ela só usa batom em festas muito especiais, à noite, de preferência, quando veste roupas predominantemente vermelhas ou no casamento da melhor amiga. Fora isso, a vida de Anita não tem glamour suficiente para retocar o batom de 5 em 5 minutos. E esmalte não vou nem comentar, né? Não consigo ver Anita num salão fazendo as unhas. 

E tem mais: músculos. Sabemos que a Anita mantém uma vida saudável, frequenta a academia, mas ela mesma diz em O Cadáver Que Ri que não malha pela estética, mas apenas para ser capaz de correr dos caras maus. Aqueles músculos marvelísticos que implantaram nela... Assustam.

Em suma, Anita devia parecer delicada, com um nadinha de uma .457 Magnum se pronunciando ali embaixo das jaquetas que, por sinal, ela constantemente usa para esconder tanto as armas como as cicatrizes. E aí vem um amigo da Marvel e pergunta: "É, rainha das artes visuais, então eu vou vender uma toco-de-amarrar-pulga (ei, Anita, não aponte essa arma pra mim! Foi ele!) toda coberta por casacos e com carinha de bebê?" Ninguém disse que ela não podia ser bonita. Só não vale exagerar. 

Agora para finalizar, que Anita mal-humorada é aquela? Todas as vezes em que eu vi Anita (e olha que vejo com frequencia), ela me parecia bem-humorada o suficiente para fazer piada até com uma vampira sanguinaria que queria a cabeça dela numa bandeja. Sempre que se imagina essas garotas duronas, há um mau-humor implícito. Anita, não. Ela não se incomoda sem motivo. Se tem uma cara ranzinza ali é porque ou alguém a chamou de "ma petite", alguém a subestimou ou alguém morreu ou seu pinguim de pelúcia está ensopado de sangue ou alguém a acordou as 7h da manhã quando ela foi dormir há apenas 4h antes disso. 

Anita é até amigável. Imagino sempre um sorrisinho sarcástico no canto da boca se ela fosse posar para uma foto. Mas sempre séria como a Marvel mostra nas fotos, acho que não. Se eles querem chamar atenção para ela, não quer dizer que tenhamos que concordar com os meios que a Marvel faz isso. Bussiness is Business. Mas sempre haverão resmungos resignados aqui e ali.
- Jean Claude

Tá certo que ele é O Vampiro, O Cara, se veste a la século XVII, tem o maior cabelão cacheado e tal, mas gente, Jean-Claude não é afeminado. Não é. Ele é francês, mas só tem sotaque quando quer e, além do mais, é muito educado. Mas do jeito que o vampirão aparece lá na capa da HQ, a mulherada meio que torce o nariz e os caras, bem, eles gargalham. Tudo bem que Jean-Claude é proprietário de um strip club, mas aquele genérico de vampiro francês deu um ar forçado. 

Um ponto importantissimo: os olhos. O que aconteceram com os olhos do meu Jean? A caracteristica mais marcante do monsieur foi ofuscada por aquele peitoral todo ali à mostra, coisa que Jean-Claude não faz. No minimo, ele deixa uns botões abertos, insinua, provoca. Não expõe a pele branca assim à toa. Até porque ele já usa calças muito apertadas, andar por aí com o peito a mostra era melhor andar sem nada, né? Bem melhor...  Os olhos tem um tom de azul-turquesa que nada combinam com o azul meia-noite que Anita tanto descreve nos livros. Onde estão os olhos escuros como a noite?
Bem, o que mais me incomoda está aí. Parecem detalhes, mas quem realmente lê os livros, sabe do que estou falando. Continuo achando que o futuro de Anita Blake não está numa Graphic Novel.

Mas já dizia Jean-Claude que na falta de algo melhor, fico com o que podem me oferecer. E é com outra frase do Vampiro-Mestre de St. Louis que encerro e deixo o trocadilho: "Ah, ma petite, ma petite, you are marvelous..." (The Laughing Corpse, livro 2)

Até a próxima!

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