24 de junho de 2013

Lápis e Caneta

Quando você era criança, provavelmente entre seus materiais escolares estavam muitos lápis: de cor, de escrever, de desenho. Mas sua mãe não comprava canetas. "Criança não escreve de caneta", dizia. Você se perguntava por quê.

E aí você foi crescendo, avançando mais um nível de ensino. Foi quando tudo mudou: agora você ia escrever de caneta. É uma conquista. Você se sente importante com aquela esferográfica na mão. E todos diziam: "A lápis, não aceito".

Afinal, por que criança não escreve de caneta e adulto não usa lápis? Por causa da borracha.
Escrever a lápis é como ser criança: você pode começar arriscando alguns traços, sem saber bem no que vai dar, que forma as coisas tem... De repente, uma linha fica maior que a outra, escapa do desenho que você pensou. E aí não tem problema, pega a borracha e apaga. Tentando, errando e apagando você vai construindo paisagens, casas, pessoas, palavras... Se algo der errado, sua mãe vem e diz: "Apaga" e a professora elogia o desenho borrado "Que lindo!" e coloca um carimbo de sol sorrindo no canto da página.
Escrever a caneta, no entanto, é como ser adulto: você precisa prestar mais atenção. Qualquer erro de caneta já é um incômodo. Você precisa escolher uma caneta boa, de tinta firme - se borrar a folha, já estraga metade do serviço; se sujar as mãos, mancha todo o resto. E a pior parte: não pode apagar. O que foi escrito de caneta, permanece de caneta e ponto final. Ok, existe corretivo. Mas quem gosta de marca de corretivo em cima da folha? No topo da prova vem escrito "Questões rasuradas serão anuladas", "Questões a lápis não serão aceitas". 

Mas eu poderia escrever as mesmas idéias a lápis e a caneta e significariam a mesma coisa, você pensa. É, mas quando se é adulto e se usa lápis, ninguém te leva muito a sério.

E nem pense em riscar com linhas, redemoinhos, passando "x" em cima do seu erro. Ele vai ficar lá, evidente, a não ser que você volte do começo e refaça. Nem todo mundo consegue passar a vida a limpo, entretanto. E aquele borrão imenso fica lá, e todos que lerem seu texto vão saber que você errou. 
Por isso, lápis é coisa de criança e caneta é coisa de adulto. Na pressa de querer logo escrever de caneta, acabamos esquecendo que bom mesmo era escrever a lápis, quando ainda havia borracha. Depois da caneta, você teme os erros. E temer errar não é algo que devia ser ensinado na escola. Não acha?
Até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diz aí :)

Nuvem de Tags

livros (79) resenha (68) dicas (61) reflexão (55) diversão (43) séries (36) escrevendo (35) videos (32) cinema (29) já li (28) playlist (24) Anita Blake (22) amor (18) desabafo (17) meme (16) harry potter (15) artistas (14) desafio (14) poesia (12) Friends (11) TV (10) relacionamento (10) vampiros (9) games (8) vida de universitária (8) La Lune (7) Biblioteconomia (4) ciência (3) conto (3) Zelda (2) crônica (2) sites (2) DIY (1)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...