28 de abril de 2014

Já Li - "Anna Karenina", de Leon Tolstói

Dia desses estava eu assistindo TV e me deparei com um filme que nunca tinha assistido. Era de 2012 e chamava-se "Ana Karenina". Eu pensei "Ah, deve ser um daqueles filmes de época sobre alguma mulher e que provavelmente interpretada pela Keira Knightley". Aha! Acertei em cheio. Lá estava Keira, em mais um dos filmes de época que ela adora fazer. Mas ao ver a sinopse, outra coisa me chamou atenção. Era baseado em um livro homônimo de Leon Tolstói. Eu já ouvira falar daquele grande romancista russo, embora jamais tivesse lido nada dele. Sentei-me e vi o filme inteiro, 2h30min mais ou menos de uma complicada trama. 

Como aconteceu com Percy Jackson e Harry Potter, eu só pude deduzir que o livro explicava melhor o que estava acontecendo, nesse caso, com a doce Ana. Fui à biblioteca e encontrei um exemplar antigo, que nunca havia sido emprestado. Minha chance! Mais de 500 páginas amareladas que continham uma história que na primeira página me absorveu por completo. Dizia na primeira linha: "todos os gêneros de felicidade se assemelham, mas cada infortúnio tem o seu caráter particular"
Leon Tolstoi
"Ana Karenina" é um romance russo do século XIX. Tolstói nos apresenta basicamente uma trama que envolve três núcleos distintos, para nos revelar as fases distintas dos relacionamentos amorosos, bem como desenhando em cada personagem um conflito. 

O primeiro núcleo é o da protagonista, Ana Arcadievna Karenina, casada com o oficial Aleixo Alexandrovitch Karenina (sim, eu faço questão de escrever os nomes todos por que acho lindo). Ana é bela, jovem e, claro, rica, pertencente ao alto escalão da sociedade russa. Mas não parece ter tudo. Ela conhece o envolvente Conde Aleixo Wronski, que lhe provoca uma atração que não compreende e ele deixa claro que sente a mesma atração pela moça. 
Ana Karenina (Keira Knightley)
O segundo núcleo é o de Estévão Arcadievicth e Dária Alexandrovna, casal que enfrenta uma crise quando Dária, ou Dolly, descobre que o marido mantinha um caso em segredo. Aliás, o pontapé inicial do livro parte daí. Estévão é irmão de Ana, e lhe escreve uma carta para pedir que converse com sua esposa e a convença a não pedir o divórcio. 
Os irmãos Estevão e Ana
O terceiro núcleo é o de Catarina Cherbatzki, ou Kitty, e Constantin Levin. Kitty é princesa da realeza czarista, uma doce e encantadora jovem. Levin, um homem do campo, é um rapaz simples, que abdicou da vida na cidade para ter seus próprios negócios cuidando da terra e dela tirando seu sustento. Levin nutre um amor de anos pela bela Kitty, mas ela só tem olhos para o tal Conde Wronski, quem ela espera que peça sua mão em casamento
Kitty
Já percebeu que algo aí no meio dá confusão, não é?

Acontece que Ana começa a se envolver com Wronski. E se inicia então uma relação conturbada entre a moça, seu amante e o marido. O casal passa a ter um casamento de fachada para que Ana nem Aleixo Karenina caiam em desgraça frente à sociedade pela traição da mulher. E Wronski? Bem, ele é um rapaz apaixonado, que fará qualquer coisa para ficar ao lado de Ana. 
O núcleo de Ana nos traz um casamento conturbado, que está prestes a desmoronar. O núcleo de Dolly, representa um casamento maduro que enfrenta sua primeira grande crise. O núcleo de Kitty é o início de tudo, em que o amor é lindo, borboletas e florzinhas, a descoberta do outro, que antes se pensava ser perfeito. Ao longo da trama, acompanhamos o entrelaçar inebriante dessas histórias, que nos pontos certos se emaranham para formar uma nova narrativa.

Permeando os diálogos e acontecimentos, temos ainda a figura de Levin, impossível de ignorar, de um homem que se vê incrédulo de tudo e todos, cheio de ideais a alcançar. Há momentos em que o personagem faz reflexões a respeito da condição de vida no campo, bem como fortes opiniões políticas e filosóficas, que envolvem desde sua concepção meio platônica do amor que tem por Kitty até  seus questionamentos sobre a religião e a fé. Eu não me surpreenderia se o nome do livro fosse alterado para "Constantin Levin", já que ele tem as maiores revelações durante a trama.
Levin
Bem, é meio dificil para mim discorrer sobre uma obra tão densa como a de Tolstói. Foram dois meses de uma luta interna para concluir essa leitura. Ler Tolstói exige uma grande carga de atenção e paciência, já que é um romance na maior acepção da palavra: longo, complicado e cheio de descrições e pensamentos dos personagens. Mas acabei me encantando. Levin é um personagem fantástico, Kitty evolui a olhos vistos de uma menina para uma grande mulher, Ana e Wronski sentem a amargura da vida de um casal que não deveria existir, sofrendo o preconceito de todo um país sobre as costas. Além do próprio Karenina, que é a representação da tolerância em pessoa. 
Como todo bom romance, são vários personagens que valsam diante de nossos olhos, trocando de pares e retornando ao centro do salão, uns com mais outros com menos graça, mostrando que a vida nos força a dançar conforme a música, seja ela uma valsa suave ou uma pesada marcha fúnebre.
Outra observação que vale a pena ser feita é a do filme, aquele de que falava no começo. Ana Karenina tem várias adaptações para o cinema, mas essa particularmente me chamou a atenção pela maneira com que o diretor, Joe Wright, retrata toda a história: como se fosse uma peça de teatro, com trocas de cenários e figurinos à nossa vista, para mostrar que cada um representa o papel que lhe cabe, ainda que não seja quem de fato é.

Essas foram minhas reflexões sobre esse belo romance. Recomendo para os que são fãs do estilo e aos curiosos, como eu.


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