Andar numa corda bamba, se segurar viajando de pé no ônibus, não chorar ao ouvir desaforos, não gritar de raiva quando o professor não te deixa entrar na sala depois de você ter acordado às quatro da manhã, enfrentado um engarrafamento infernal e caído de cara na lama da UFMA tentando chegar à aula. Todas essas situações exigem a mesma coisa: equilíbrio.
Se eu tenho? Às vezes. Bem, nunca andei na corda bamba, no ônibus, é essencial, mas chorar é meu reflexo principal para a maioria das emoções e não grito de raiva na UFMA, mas em casa, sim. Equilíbrio é uma coisa que ou você tem, ou não tem. Justamente por estar no meio de qualquer coisa, ele não te permite ser um meio-termo. Ninguém é “meio-equilibrado”.
Sabem, desde criança eu ouço as pessoas dizerem que eu choro por qualquer coisa, que não consigo lidar com meus problemas sem me desesperar primeiro, que sou inconstante, temperamental, já ouvi “bipolar” (o que é uma apropriação muito errada do termo – desculpem, pobres bipolares), “maluca” e até mesmo “fraca”. Eu sei. Mas isso não é tudo que eu sou. E aí começa uma questão que martela na minha cabeça: o que é ser normal?
Não quero pegar o dicionário e ir lá na origem da palavra, nem trazer conceitos, nem nada disso. Estou tendo uma conversa com meus queridos leitores, não escrevendo um artigo científico. Mas as pessoas falam tanto em ser normal, e eu nunca sei o que de fato elas querem dizer. Ser normal seria, por exemplo, conseguir tomar decisões sem hesitar, ser frio diante de situações tensas, controlar a raiva e sufocar o choro em público, não deixar que os outros te vejam errar? Ser normal é ser igual a todo mundo ou é algo que ninguém consegue ser?
Não fiquem assustados com o meu comportamento apresentado
há dois parágrafos. Eu não sou a única pessoa, muito menos a única mulher que chora copiosamente quando entra em conflito, ou que não chora vendo “Titanic”. Sabem, na primeira situação, eu sou até normal. Mas na segunda, não. Quer dizer então que ser normal tem a ver com o contexto, depende da situação, já que cada uma tem sua situação de normalidade e anormalidade. Acho que é por aí.
Agora, porque me pedem tanto que eu seja sempre normal? Esperam que eu aja como a maioria das pessoas em tudo? Tudo bem, talvez eu precise melhorar meu controle emocional ou mesmo meu auto-controle, mas em outros aspectos, porque tenho que ser igual a todo mundo? Para que tantos padrões quando cada ser humano é único e etc etc etc? E a questão crucial: como definir a linha que separa o normal do anormal?
Equilíbrio, controle, um meio-termo, ou, como meu amado tio Ari (Aristóteles, vocês conhecem, viveu na Grécia há maior tempão) dizia, um “justo-meio”. O famigerado e infame MEIO. Como chegar nele? A situação é como encher um copo com um conta-gotas: com paciência e determinação, você vai conseguir encher o copo, mas se derramar uma gota a mais, ele transborda. É algo delicado e muito, muito, muito, chato. Difícil, nem se fala. E nem todo mundo consegue. E quando consegue, não é por muito tempo. Todos nós somos contradições ambulantes e vivemos nossos próprios conflitos interiores sempre que precisamos escolher ou decidir. Todos nós temos nosso anjinho e nosso diabinho.
Aí vem a história de que não se pode ser sempre um anjinho, porque certas situações exigem que seu anjo empunhe um tridente de vez em quando. E se for sempre um diabinho, como encontrar a serenidade que vem com as asas do anjo? Mas nós erramos. Que atire a primeira pedra quem nunca exagerou em alguma situação que exigia um comportamento mais ameno e quem nunca ficou quieto quando devia ter bradado aos quatro ventos a verdade.
E a nossa conclusão? Eu não sei. Porque eu sou oito ou oitenta. Infelizmente ainda não tenho uma balança de precisão interna que meça minhas atitudes para manter os pratos alinhados. É possível adquirir, com algum treino e disciplina. Mas será que é isso que eu quero? Isso não me tornaria menos eu? Se eu encontrasse esse tal do equilíbrio em tudo, eu viveria meus momentos de extrema catarse que me inspiram a escrever posts como este?
Como boa indecisa, inconstante e temperamental que sou (ou que dizem que sou), acredito que sou até bem sã. Contudo, espera-se que eu realmente não saiba o caminho das pedras para o justo-meio. Eu apenas acho que se eu fosse assim um exemplo de constância e equilíbrio, muita gente sentiria falta dos meus revezes emocionais. E sentem mesmo, porque já comprovei.
Então, eu só quero que repensemos o conceito de normal, do que é aceito ou não e os motivos para isso. Porque se existem tantos conceitos e situações de normalidade, talvez normalidade seja apenas uma ilusão, temporária, superficial. Todos nós temos um esqueleto empoeirado escondido no guarda-roupa. E ele não fica lá por muito tempo.
Até a próxima!
Eu sou um pouco suspeito para falar sobre "o que é ser normal?", tanto que abstenho tal discussão. Adorei o post, e saiba que não estás sozinha e nem és a única nesse barco. Abraço do Tuts. =)
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ResponderExcluirDifícil saber o que é ser normal... Quando a gente acha que descobriu, vem um doido e fala que num é beeem assim...
ResponderExcluirTambém sou fraca...
Qualquer coisinha besta que dá errado eu já estou chorando, já desanimo...
Sou de virgem!
kkkkkkkkk
tamo junto, Sol! Tambem sou de virgem, um signo com um poder muito grande, tanto pro bem como pro mau. Acho que por isso é dificil estabelecer nosso meio termo!
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