A Tal da Inspiração

Sentindo falta do blog? É, eu também.

Esses tempos que passei afastada daqui me fizeram pensar em muitas coisas. E vocês sabem que sou uma pessoa muito... Pensativa. Ando planejando mais uma leva de mudanças pro blog, não posso garantir que estarei de volta com todo gás muito em breve por que infelizmente (muito) os dias não tem mais de 24h. 

E voltando ao que andei pensando... Eu comecei a refletir mais sobre mim, sobre o que escrevo, sobre o que ainda quero escrever. E percebi que anda me faltando a tal da inspiração. Não é que eu não sinta vontade de escrever. Isso eu tenho de sobra. O problema é: o que escrever? Essa pergunta é cheia de armadilhas... E sobre essas armadilhas que quero falar a vocês agora.

A inspiração não vem quando você quer, isso é um fato. Às vezes, me pego observando pessoas na rua e imaginando-as como protagonistas das histórias de suas próprias vidas. Quanto devem ter a contar, quanto já devem ter vivido. Quem conta essas histórias? E me pego também pensando enquanto olho pela janela, e me surge um poema capenga, como os que faço aqui, mas eles fogem, rapidamente. Às vezes, alguém diz uma palavra diferente perto de mim e penso que poderia ser um ótimo inicio de diálogo. Ou o início de uma nova história. Cores, gestos, coisas... Tudo isso são textos em outras linguagens. Textos que nem todos conseguem ler. E o papel de quem escreve é usar da linguagem para traduzir, com muito esforço, essas linguagens em uma única. Uma que todos possam captar. Escrever não é tão fácil assim.

Mas aí se você (ou eu ) começar a escrever já pensando em toda essa responsabilidade, isso travará ainda mais seus dedos. Não se pode começar a escrever já querendo mudar o mundo. Só se muda o mundo uma palavra de cada vez, e se não escrevê-las logo, o tempo passa devagar, a vida tem menos cor e graça e você (ou eu) vive como um fantasma rabugento arrastando correntes de frustração, impedindo que seu melhor venha à tona. Para escrever, é preciso despir-se. 

Você senta ali, em frente ao computador, ou à sua folha em branco, e liberta a sua mente. Deixar as palavras virem espontaneamente, conversarem com você. Mas isso é tão dificil (não pensar que é dificil melhora as coisas), já que naquele momento você (ou eu) lembra que existem N textos da faculdade para ler, que tem prova na semana que vem, que o cachorro está latindo, que a porta está rangendo, que... Não. Saia daqui. Viaje. Crie outro universo em sua mente em que você só precisa escrever. Aliás, escreva sobre ele. Ouça outras músicas, converse com as pessoas. Veja filmes estrangeiros e observe como eles contam as histórias. Crie hipóteses sobre as pessoas do ônibus - torne uma delas um perigoso terrorista... Ou uma delicada bailarina. 

Às vezes, você só precisa de cinco minutos e uma frase. Às vezes, horas e um parágrafo. Mas escreva. Eu aprendi isso da forma mais difícil e decidi que não quero mais dar desculpas. Ando treinando outras formas de escrever e literalmente inventando coisas, pessoas, histórias. Esse é o meu link com esse universo que criei. Se eu perder isso, se eu perder esse contato, esse lugar feliz onde posso ir apenas usando minhas palavras (minhas é modo de dizer. Imaginem se elas se deixariam aprisionar por alguém como eu), se eu perder isso... Então não me resta mais nada.

Aqui, nesse portal pra esse mundo, pode ser que vocês não encontrem mais o que estão acostumados. Talvez encontrem, mas de outras formas. Mas nos próximos dias, pretendo tornar este espaço ainda mais íntimo, e ao mesmo tempo, mais escancarado. Mas a verdade é que se houver apenas um de vocês aí lendo o que escrevo agora, é para você que escrevo; se não existir quem leia, não faz sentido escrever. Sempre haverá alguém, afinal. Como colocar uma mensagem numa garrafa e lançar no oceano: alguém um dia vai encontrar.

I hope that someone gets my message in a bottle...

Até a próxima!