Grandes poderes, Grandes responsabilidades...

  O post de hoje traz a vocês duas dicas de livro que fizeram os EUA parecer algum ponto de encontro dos seres sobrenaturais e trazem uma lição em comum: tudo que você aprende não faz sentido se você não se dispuser a viver a realidade.

   O Livro do Cemitério - Neil Gaiman

  Imagine crescer num cemitério, adotado por um casal de fantasmas, tendo um vampiro por guardião e por amiga uma bruxa. Estranho demais? Assustador? Não, é apenas o cotidiano de Ninguém Owens, protagonista de O Livro do Cemitério ( Rocco, 2008, 329 páginas, tradução de Ryta Vinagre), do famoso Neil Gaiman dos quadrinhos e best-sellers (vide Sandman, Stardust e Coraline), com ilustrações magnificas de Dave McKean.

 Ao estilo Harry Potter, quando bebê, nosso amigo teve a familia assassinada por um homem vil chamado Jack. Mas o pequenino consegue escapar do ataque e acaba indo parar na porta do cemitério da Cidade Velha. O assassino quase o encontra lá para terminar sua missão, designada por uma profecia, mas graças a bondade do casal Owens, fantasmas residentes do cemitério, o bebê é escondido da visão de Jack. 

 Então, o que fazer com um garoto vivo no cemitério? Liberá-lo outra vez o deixaria à espera de uma morte dolorosa nas mãos de Jack, o assassino. Assim, depois de uma deliberação entre os habitantes do cemitério, Silas, o vampiro, que passara por situação parecida, se oferece como guardião do bebê, batizado de Ninguém Owens para que jamais fosse reconhecido para os vivos.

  Assim, Owens cresce em meio a orientação do casal Owens e demais fantasmas e os conselhos de Silas seu guardião sábio e misterioso para que aprenda o modo de "vida" no cemitério, protegido sempre do mundo exterior, onde Jack espera por ele.

  A obra de Gaiman tem um ritmo delicioso, recheado da já conhecida ironia do autor, sem falar nos personagens cativantes que nos acompanham ao longo do livro, como a divertida bruxa Liza e a esperta Scarlett, o primeiro contato de Nin com os vivos. Além disso, conhecemos as criaturas do lado de lá, como ghouls e as habilidades que um fantasma pode ter. Mas no fim das contas, O Livro do Cemitério nos mostra como pode ser dificil enfrentar a realidade, mas que é necessário coragem e sabedoria para saber que caminhos seguir, afinal, não se pode ficar no cemitério para sempre quando se está vivo.

  Percy Jackson e os Olimpianos: O Ladrão de Raios - Rick Riordan

  Zeus, Hera, Poseidon, Hades, Afrodite, Atena, Hermes, Ares... Você conhece todos eles, não? Herança dos nossos antecessores que fundaram a civilização ocidental, a mitologia grega é um patrimônio mundial.E continua gerando frutos até hoje, afinal, o Olimpo fica logo ali, no Empire State. Hã?

  

Percy Jackson e os Olimpianos: O Ladrão de Raios (Intrinseca, 2005, 385 páginas, tradução de Ricardo Gouveia) é o primeiro volume de uma série de cinco, protagonizados por Peter Johnson Percy Jackson, um semi-deus nova-iorquino com um ótimo senso de humor.

  Riordan apresenta um garoto de 12 anos, considerado problemático, dislexico e portador de deficit de atenção. Ele não tem muito a quem recorrer, já que não conhece o pai, sua mãe, Sally, é uma mulher guerreira e doce que suporta os desaforos de Gabe, o padrasto abusado de Percy Jackson, e tem como unico amigo o atrapalhado Grover. Como se não bastasse, Percy começa a presenciar uma série de eventos suspeitos que alteram sua realidade. Coisas comuns como a professora de Matemática virar uma criatura grotesca do Submundo ou o professor preferido lhe dar uma caneta que vira uma espada. 

   A partir daí, sua vida é pontilhada de fatos estranhos, o que ele descobre numa viagem com a mãe até a praia. Grover na verdade era um sátiro e seu guardião, Jackson é um semi-deus e ele precisa se refugiar num acampamento chamado Meio-Sangue para que monstros como Minotauros ou ciclopes não tentem lhe tirar a vida. Semi-deuses atraem problemas. Principalmente se você é filho de um dos Três Grandes deuses do Olimpo, Poseidon.

  Mas há outros probleminhas de percurso. Sally Jackson está presa no submundo, fato causado pela luta com um minotauro que seu filho travou tentando salvá-la. Os irmãos Hades, Zeus e Poseidon estão à beira de uma guerra basicamente por que Zeus teve seu Raio roubado e daí surgem outro milhares de problemas que levam diretamente a Percy Jackson. Ele deve agir como um verdadeiro herói e recuperar o que foi roubado, salvar sua mãe e entender seu elo com papai Poseidon, acompanhado de Grover, o sátiro, e Annabeth, a sábia filha de Atena.

  Os três partem numa viagem com destino ao Submundo de Hades, enfrentando meio mundo de seres mitologicos para realizar sua missão. Descobrimos que Los Angeles leva ao inferno, que o Olimpo fica pra lá do topo do Empire State, que o "barqueiro" do Submundo está insatisfeito com suas condições de trabalho, que o Cérbero gosta de brincar com bolinhas como qualquer cão, que Poseidon se veste como surfista, Ares tem ares de motoqueiro, além de muitos outros fatos que você nunca imaginou sobre os deuses do Olimpo e afins. Fatos até mesmo sobre nós, reles mortais em nosso mundinho fabricado pelos sentidos.

  Rick Riordan criou uma história fácil de ler, mas tão complexa em seu enredo que pode deixá-lo sem fôlego, mais do que já ficou lendo apenas este resumo. E o mais importante: os momentos de humor, ação, fantasia, emoção e aventura estão presentes do início ao fim da obra, bem intercalados e surpreendentes. Um livro que desperta todos os sentidos e ainda te dá aulas de história, física, artes, etcetcetc e você nem percebe.

 Resumindo, O Ladrão de Raios é uma obra rica em todos os aspectos e proporciona diversão e emoções da primeira a ultima página. O que eu espero que se repita nos proximos quatro volumes da série, que já cativou fãs do mundo inteiro, liderando a  lista do the New York Times em  2005 e ganhando uma adaptação pobre para o cinema no ano passado.

Bem, as dicas estão dadas. Você vai ler?

Até a próxima!