"Com sua cabeça em meu colo, ele olhou através dos meus olhos, talvez. Olhou bem fundo, espiou minha alma, buscou lá no fim do castanho o que ele chama de "razão de viver". Chovia. Meus dedos perdidos em seus cabelos um sorrisinho bobo, sem sentido, brincando na boca. Eu, que amo as palavras e delas me sirvo bem, nesse momento não achei um monossílabo que fosse que descrevesse aquele olhar do meu amor.
- Você vai embora outra vez.
- Sim. Mas eu volto.
- Logo?
- Importa?
- Se um dia você voltar, já me conforta.
- Então não se preocupa que eu volto, sim, flor. Volto pra ficar olhando dentro do teu olho desse jeito.
Duas risadas. Ou uma?
- Será que um dia a gente casa?
- De alma?
- De papel... De igreja...
Ele focou melhor a visão em algum ponto que eu só localizei depois: ele viu meu coração batendo forte a cada nova palavra que ele dizia.
- Casa. Casa, sim. E se não casar de papel nem de igreja, a gente já casou faz tempo.
- Me leva contigo na mala?
- No peito, flor. Tem muito mais espaço."
Até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Diz aí :)